O Curioso Caso de Benjamin Button

janeiro 31, 2009 at 2:38 am 37 comentários

Quando crianças, nós aprendemos nas aulas de Ciências que o ser humano passa por um ciclo vital, o qual é dividido em quatro etapas: o nascimento, o crescimento, o envelhecimento e a morte. O título do filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”, do diretor David Fincher, já é auto-explicativo e nos mostra que o personagem principal da película é alguém diferente. A característica que distingue Benjamin Button dos demais seres é que ele segue o ciclo vital de forma contrária, ou seja, nasce como um velho no corpo de um bebê e morre como um idoso que possui a aparência de um nenê.

 

Esta história nos é relatada por Caroline (a sumida Julia Ormond), que está no leito de morte da mãe, Daisy Fuller (Cate Blanchett), na Nova Orleans que está prestes a ser atacada pelo Furacão Katrina. Ela está lendo o diário de Benjamin, o qual foi entregue para Daisy. Os dois se conheceram porque a mãe de Caroline era neta de uma das idosas que viviam na casa de repouso em que Benjamin Button foi acolhido e criado como se fosse o próprio filho de Queenie (Taraji P. Henson), a cuidadora dos velhinhos que ali moravam. Acontece que Benjamin e Daisy, além de grandes amigos, vivenciaram um bonito romance.

 

Na quarta temporada de “Six Feet Under”, o personagem George Sibley (que era interpretado por James Cromwell) falou uma frase que se adequa perfeitamente ao que assistimos em “O Curioso Caso de Benjamin Button”: “A vida é uma série de acidentes. É um após o outro”. Nada na existência do personagem principal foi planejado. Ele foi vivendo a vida dele na medida em que aceitava ou recusava oportunidades. O interessante é perceber que esta maneira de encarar a vida parece ser algo compartilhado pelos personagens secundários, os quais são tão interessantes quanto Benjamin.

 

“O Curioso Caso de Benjamin Button” é um daqueles filmes que não possui cenas grandiosas, mas que guarda momentos muito íntimos e belos. O longa é, provavelmente, o trabalho mais maduro de um excelente diretor. David Fincher, aqui, se mostra sensível e interessado em tentar nos mostrar o que é a grande essência da vida. O roteiro de Eric Roth e Robin Swicord fala muito sobre o fato de que não podemos voltar atrás e esperar que tudo volte a ser como era antes. Devemos aproveitar ao máximo cada dia e valorizar toda experiência que vivemos – mesmo que elas sejam extremamente dolorosas. Esta mensagem nos é apresentada através da congruência dos excelentes profissionais contratados para auxiliar David Fincher. Desde a direção de arte, passando pelos figurinos e pela fotografia, até chegarmos à trilha sonora e aos efeitos visuais; tudo foi feito com extremo cuidado – e isto se refletiu no dia 22 de Janeiro, quando as indicações ao Oscar 2009 formas ser anunciadas e este filme acabou sendo o longa com o maior número de menções aos prêmios da Academia (ao total foram 13).

 

Cotação: 9,0

 

O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, 2008 )

Diretor: David Fincher

Roteiro: Eric Roth e Robin Swicord (com base no conto de F. Scott Fitzgerald)

Elenco: Cate Blanchett, Julia Ormond, Elias Koteas, Taraji P. Henson, Elle Fanning, Brad Pitt, Tilda Swinton

Entry filed under: Cinema.

Leonera Cena da Semana

37 Comentários Add your own

  • 1. Mayara Bastos  |  janeiro 31, 2009 às 2:42 am

    Olá, Kamila! Tudo bem?

    Dá para acreditar que ainda não vi? rsrs. Mas farei o mais rápido possível com expectativas nas alturas! 🙂

    Beijos e tenha um ótimo fim de semana!

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  • 2. Kamila  |  janeiro 31, 2009 às 3:23 am

    Mayara, tudo bem, obrigada. E com você? Assista a este filme mesmo o mais rápido possível. Beijos e um ótimo final de semana!

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  • 3. Anderson Siqueira  |  janeiro 31, 2009 às 12:59 pm

    Pois é. Acho que já falaram tudo de bom sobre este film, né?!
    Dei NOTA (0 a 5): 5
    *****

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  • 4. Matheus  |  janeiro 31, 2009 às 1:47 pm

    Kamila, eu não acho o filme tudo isso, mas eu gostei do resultado. E legal a ligação que você fez com a frase do George Sibley!

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  • 5. Kamila  |  janeiro 31, 2009 às 1:53 pm

    Anderson, exatamente!

    Matheus, quando eu assisti ao filme me lembrei logo dessa frase do George! Estava totalmente mergulhada no universo de “Six Feet Under” naquele momento. 🙂

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  • 6. Leonardo Ribeiro  |  janeiro 31, 2009 às 4:33 pm

    O filme deve ser realmente muito bom. Só tem fera.
    Gosto muito de suas resenhas, sabe. São resenhas reflexivas que quando se lê dá até pra sentir quanto emocionada você ficou. E isso é ótimo!

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  • 7. Vinícius P.  |  janeiro 31, 2009 às 4:36 pm

    Sem dúvida um filme de alto nível quanto à técnica, realizado com o cuidado habitual do David Fincher e que encanta por sua bonita história. Na verdade nem gostei tanto de “Benjamin Button” quanto a maioria, mas há muitos méritos que devem ser levados em consideração aqui. E quem diria que após ter meia dúzia de filmes ignorados pela Academia, Fincher conseguiria 13 indicações com esse trabalho!

    Abraço.

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  • 8. Yuri  |  janeiro 31, 2009 às 10:55 pm

    Adorei “Benjamin Button”, o filme é lindíssimo, tem uma parte técnica esplendorosa e dei nota 9,5 um pouco acima da sua.

    Vi pouquíssimas coisas que não tenham me agradado, portanto, é talvez o meu filme favorito da temporada de prêmios.

    Beijos.

    Responder
  • 9. Kamila  |  janeiro 31, 2009 às 11:10 pm

    Leonardo, o filme é ótimo! Obrigada pelo elogio! 🙂

    Vinícius, não tinha idéia de que você não tinha gostado tanto do filme. Que bom que você, mesmo assim, consegue reconhecer o que ele tem de bom! Abraço!

    Yuri, a única coisa que não me agradou no filme foram as performances. Não teria indicado o Pitt ou a Henson, por exemplo, ao Oscar. Beijos!

    Responder
  • 10. Denis Torres  |  janeiro 31, 2009 às 11:43 pm

    Bom texto, Kamila. Sim Senhor é bom?

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  • 11. Kamila  |  fevereiro 1, 2009 às 1:23 am

    Denis, obrigada! “Sim, Senhor” é um bom filme, divertido, mas tem seus clichês!

    Responder
  • 12. O Cara da Locadora  |  fevereiro 1, 2009 às 1:44 am

    Filme muito bonito mesmo, reflexivo realmente e bem intimista em muitos momentos… Mas é lindo de se ver…

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  • 13. Lucas B.  |  fevereiro 1, 2009 às 2:17 am

    Só gosto de duas coisas no filme: a parte técnica e Tilda Swinton.

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  • 14. Luciano Lima  |  fevereiro 1, 2009 às 7:23 am

    Adorei o texto, Kamila! Achei bacana sua idéia de unir A Sete Palmos com Benjamin Button no momento que li seu texto eu identifiquei o momento da “velha criança” num asilo, aprendendo a viver convivendo com a morte. Gostei muito de ter identificado isso. Fora que a nota seria a mesma que eu daria uma escala 0 a 10.
    Bjs! ^^

    Responder
  • 15. Otavio Almeida  |  fevereiro 1, 2009 às 3:05 pm

    Kamila, você já sabe o que penso do filme, né?

    Respeito sua opinião, mas acho um filme encomendado pra Academia. Muita apelação, fórmula barata e um ator dramático muito ruim pra comandar um espetáculo bem-sucedido visualmente na visão de seu diretor, mas com um conteúdo tocado sem vontade e muita preguiça.

    A cena que antecede o atropelamento, no entanto, é muito boa. Aquilo, pra mim, é o único momento que lembra a genialidade, a ousadia e a criatividade de David Fincher. Só.

    Bjs!

    Responder
  • 16. Kau Oliveira  |  fevereiro 1, 2009 às 4:23 pm

    Kami, eu jurava que sua nota seria menor. Não sei porque, mas jurava!

    E não lembrava da frase de SFU. Pensando bem, tem muito da série no filme. Falam da linha tênue que separa a vida da morte. Ambos, série e filme, magníficos!

    Beijos e ótima semana!

    Responder
  • 17. Kamila  |  fevereiro 1, 2009 às 5:57 pm

    O Cara da Locadora, eu concordo com você!

    Lucas B., eu só gostei da parte técnica do filme e da sua mensagem. O elenco falhou em me impressionar.

    Luciano, obrigada! Mas, é isso mesmo. Benjamin Button aprende a conviver com a vida vendo a dor da morte – algo que a gente descobre muito tarde…. Beijos!

    Otavio, sim! Eu não acho que seja um filme feito para a Academia, mas concordo que o longa tem um ator dramático muito ruim para comandar todo esse espetáculo. Beijos!

    Kau, exatamente! Eu me lembrei muito de “Six Feet Under” ao assistir a este filme, até porque os dois falaram sobre a vida usando muito a morte, o tipo de aprendizado que vem com a vivência da morte. Beijos e uma ótima semana!

    Responder
  • 18. cmpfama  |  fevereiro 2, 2009 às 11:43 am

    É um filme dramático, divertido, com tudo perfeito fazendo uma obra consistente e relevante.

    http://www.saladoentretenimento.wordpress.com

    Kamila, como eu faço para que todos vejam os comentários que recebo em meu blog?

    Beijos

    Responder
  • 19. Andreia Torres  |  fevereiro 2, 2009 às 6:07 pm

    Arrastada mistura de Forrest Gump com um Highlander meia boca. Americano, decidamente, não sabe fazer filme filosófico. Fica sempre aquele ranso de mensagem de bombom colhida de livro de auto-ajuda. Vale pela maquiagem( barbada no Oscar) e pelo Brad, né? ô, colírio…. vai ser gato lá em casa…e sem levar a filharada, de preferência…rs…

    Responder
  • 20. Rafael Moreira  |  fevereiro 2, 2009 às 6:32 pm

    Texto fantástico Kamila. Concordo com tudo que disse. O filme não possui cenas grandiosas, mas parte da simplicidade a capacidade de cativar as pessoas. Simplicidade? Que nada, seria até ofensa dizer que a obra é simples. David Fincher construiu um trabalho excelente. Abraço!

    Responder
  • 21. Cassiano  |  fevereiro 2, 2009 às 6:51 pm

    Oi Kamila, apesar de seu texto, não sei se gostou tanto do filme quanto eu.

    Discordo que o filme não tenha uma grande cena, o filme é todo cheio de grandes cenas.

    Benjamim Buttton é uma pelicula que fala da vida, com olhar crítico, porém respeitoso, ele é muito complexo para ser facilmente decifrado, ou até ignorantemente criticado. Porém é o trabalho mais pessoal de uma grande promessa de hollywood.

    Responder
  • 22. Alex Sandro Alves  |  fevereiro 2, 2009 às 7:38 pm

    Dizem que a possibilidade de ‘Benjamin Button’ sair da premiação do Oscar sem nenhuma estatueta é grande, mas como não premiar uma fotografia/iluminação tão maravilhosa como aquela? Fiquei encantado com seu visual e com a Cate Blanchett dos 20 e poucos anos (que efeito impressionante) e chapado com o ataque ao rebocador, e extremamente tocado com a história do relojoeiro! Gostei do filme, mas o achei desnecessariamente longo, o que significa que em meio a tantas histórias nem todas vão impactar o espectador do mesmo jeito, o que pode acarretar numa certa irregularidade. Abs!

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  • 23. Pedro Henrique  |  fevereiro 2, 2009 às 8:17 pm

    Poderia ser uma obra-prima se não fosse uma copidescagem descarada de Forrest Gump. Mesmo assim, Eric Roth fugiu de discussões sobre fatos históricos, preferiu artificialismos. Mas tudo bem, o filme é bem atuado e desenhado.

    Responder
  • 24. Marcus Vinícius  |  fevereiro 2, 2009 às 8:19 pm

    Vou manter meu palpite que Benjamin vai levar melhor filme e melhor diretor, mesmo que Slumdog tenha sido premiado no SAG e esteja virtualmente a frente na corrida. Só vi o Benjamin, mas vou ir pela minha intuição.
    Bjoss!

    Responder
  • 25. Romeika  |  fevereiro 2, 2009 às 9:02 pm

    Ainda nao fui ver, mas tenho altas expectativas. Realmente parece ser o trabalho mais maduro e certamente o mais diferente da carreira do diretor.

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  • 26. Kamila  |  fevereiro 2, 2009 às 11:07 pm

    cmpfama, concordo! Você deve fazer com que todos vejam os comentários que seu blog recebe mexendo nas suas configurações de comentários, no painel do WordPress. Abraço!

    Andreia, fazia tempo que eu não achava o Brad Pitt tão lindo como aconteceu quando eu vi este filme. A última vez tinha sido quando assisti “Encontro Marcado”. 🙂

    Rafael, obrigada! Abraço!

    Cassiano, concordo com o que disseste na segunda parte de seu comentário. O filme é mesmo uma obra bem pessoal do Fincher. Mas, continuo achando que o longa carece de uma grande cena.

    Alex Sandro, exatamente. O filme tem uma certa irregularidade. E eu acho que “Benjamin Button” tem grandes chances de sair do Oscar sem qualquer estatueta. Acredito que as maiores chances do longa estão em Maquiagem e Direção de Arte. Abraços!

    Pedro, é até natural o filme lembrar “Forrest Gump”, já que os roteiristas são os mesmos. Mas, confesso que não vi artificialismos neste filme.

    Marcus, eu discordo de você. Para mim, as vitórias de “Slumdog Millionaire” em diretor e filme já são uma certeza tão grande quanto o Oscar de Heath Ledger. Beijos!

    Romeika, espero que goste do filme e que ele corresponda às suas expectativas. 🙂

    Responder
  • 27. João  |  fevereiro 4, 2009 às 3:47 pm

    (primeira vez comentando aqui)
    Nossa, adorei sua referência a Six Feet Under, que considero uma pequena obra-prima da televisão. Há uma crítica da série nesse blog?! Se não, adoraria que vc fizesse!
    Concordo com a maioria do que foi dito, apesar de ter achado sua cotação para esse filme um pouco alta demais, hehe.

    Responder
  • 28. Kamila  |  fevereiro 4, 2009 às 10:54 pm

    João, obrigada pela visita e pelo comentário! Tenho uma crítica sobre o “Everyone’s Waiting” no antigo endereço do blog (http://cinefilapornatureza.blogspot.com/2007/10/six-feet-under-everyones-waiting.html). Adoro “Six Feet Under” e concordo contigo. A série é uma pequena obra-prima da televisão.

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  • 29. Wally  |  fevereiro 5, 2009 às 4:15 am

    Kamila, como deve saber, amei este filme. Além de toda a técnica perfeita, a articulação impecável e os aspectos estéticos deslumbrantes, o filme mecheu comigo. Me tocou e me mandou para fora da sala transtornado e, de certa forma, transformado. Achei inspirador, belíssimo e muito sutil. É o grande filme do momento para mim. Slumdog e os outros precisarão ralar muito para superá-lo! Já vi 2 vezes. xD

    Nota 9.5

    Ciao!

    Responder
  • 30. Weiner  |  fevereiro 5, 2009 às 3:35 pm

    Definitivamente não vi tudo isso em “Benjamin Button” – até porque perfeição visual não esconde roteiro repetitivo na minha opinião. Isso é que destrói “Benjamin Button”: o amontoado de clichês. As atuações são primorosas.
    Nota: 7,5

    Responder
  • 31. Lendo - O Grande Gatsby « Cinéfila por Natureza  |  fevereiro 6, 2009 às 9:06 pm

    […] Grande Gatsby”, livro escrito por F. Scott Fitzgerald (autor também do conto que inspirou “O Curioso Caso de Benjamin Button“). Jay Gatsby é aquilo que poderíamos chamar de “o homem certo na hora correta”; […]

    Responder
  • […] Atriz em “Noivas em Guerra“), Taraji P. Henson (indicada por Melhor Atriz por “O Curioso Caso de Benjamin Button“), Robert Downey Jr. (indicado por Melhor Ator em “Homem de Ferro”) e Heath […]

    Responder
  • 33. Dani Abreu  |  agosto 5, 2009 às 10:36 pm

    eu ameii o filme, ja assisti 3 vezes , e toda vez que assito eu choro muito , pois diz muitas verdades, dis muita coisa bonita , frases lindas.
    ameii de montaaooo !
    parabenizo aos criadores do filme. muita inteligencia da parte deles.
    beijoooos.

    Responder
    • 34. Kamila  |  agosto 5, 2009 às 11:25 pm

      Dani, concordo contigo. Beijos!

      Responder
  • 35. Kerolyn  |  outubro 10, 2009 às 9:19 pm

    Adorei este filme,chorei horrores! xD

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A autora

Kamila tem 29 anos, é cinéfila, leitora voraz, escuta muita música e é vidrada em seriados de TV, além de shows de premiações.

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