Estômago

Assim como acontece com outros retirantes nordestinos, Raimundo Nonato (João Miguel) deixa a sua cidade natal na Paraíba para partir rumo às grandes metrópoles das regiões Sudeste e Sul em busca de melhores oportunidades na vida. Quem não consegue se adaptar à correria do dia-a-dia destas localidades pode ser devorado. No entanto, Raimundo tem algo que o difere de outras pessoas com esta mesma trajetória: ele possui um dom para a culinária. É justamente esta característica pessoal do personagem que fará com que as portas se abram para ele.

 

No filme “Estômago”, uma co-produção brasileira e italiana dirigida por Marcos Jorge, acompanhamos a trajetória de Raimundo Nonato pelas cozinhas de um boteco, de um restaurante italiano e de uma prisão. Tudo isto acontece em linhas temporais distintas, mas que possuem algo em comum: a mostra de como o personagem principal do longa descobriu caminhos que o permitissem ascender – seja na vida profissional ou nas escalas de poder – e se impor. O interessante do roteiro de “Estômago” é que, apesar de demonstrar uma esperteza – e sorte – para estar na hora certa no local correto e tomando a decisão adequada, Raimundo acaba sucumbindo naquilo que é mais clichê ao se apaixonar pela prostituta Íria (Fabiula Nascimento).

 

“Estômago” é um daqueles filmes que, quando parece ir para um caminho convencional, acaba nos surpreendo quando menos esperamos. Se comparado a outros filmes brasileiros lançados recentemente, o longa de Marcos Jorge possui um brilho muito próprio. Isto se deve por causa da decisão feliz do diretor em escalar o ator João Miguel (conhecido pelo trabalho em “O Céu de Suely” e “Cinemas, Aspirinas e Urubus”) para o papel de Raimundo Nonato. Em sua primeira vez como protagonista, o baiano surpreende por encarar a responsabilidade com muita coragem. Ele é o eixo principal de “Estômago”.

 

Cotação: 8,5

 

Estômago (2008 )

Diretor: Marcos Jorge

Roteiro: Cláudia da Natividade, Fabrizio Donvito, Marcos Jorge e Lusa Silvestre

Elenco: João Miguel, Fabiula Nascimento, Carlo Briani, Paulo Miklos, Zeca Cenovicz