Sinédoque, Nova York
dezembro 7, 2009 at 10:49 pm 25 comentários
Para tentar compreender “Sinédoque, Nova York”, é importante tentar entender o que significa a figura de expressão que está presente no título do filme. Sinédoque nada mais é do que a tentativa de empregar o todo pela parte, ou a parte pelo todo, do mais para o menos ou vice-versa. Complicado, não? Mas, é assim que funciona a mente do diretor e roteirista Charlie Kaufman. Em todas as suas obras, ele não se preocupa em passar a informação de forma fácil para a plateia. Ele quer que a gente mergulhe fundo em suas tramas, nos seus personagens complexos, nas situações que ele cria – e, aqui, não vai ser diferente.
O personagem principal de “Sinédoque, Nova York” é o diretor de teatro Caden Cotard (Philip Seymour Hoffman, brilhante como sempre). Quando o encontramos pela primeira vez, tudo na vida dele parece estar indo como planejado. Entretanto, aos poucos, uma série de acontecimentos fortuitos – como a mudança permanente da esposa (Catherine Keener) e da filha para Berlim, a descoberta de enfermidades que vão minando gradativamente as suas forças, a incapacidade dele de inserir novas pessoas em sua vida (como as personagens de Samantha Morton e de Michelle Williams) – vão fazer com que Caden entre numa profunda depressão.
Após ganhar um prêmio, Caden decide fazer sua obra definitiva, aquela que o representará e será a sua grande contribuição para o mundo artístico. Para tanto, ele se muda para Nova York, aonde constroi uma série de galpões que serão os locais aonde ele colocará a sua vida e as pessoas que fazem parte dela em cena, numa grande tentativa de tentar perceber, afinal, o que deu errado e o que ele pode fazer para consertar aquilo que ele acredita, bem no fundo, ter uma culpa exclusiva sua.
Toda esta história nos é apresentada por Charlie Kaufman através de uma linha temporal muito confusa. As coisas vão acontecendo sem nos dar tempo de digerir o ocorrido e de nos situarmos também dentro da história. Por isso, não é difícil para a gente compreender e se colocar na pele de Caden: estamos na mesma confusão e no mesmo turbilhão de emoções que ele. Por causa dessa razão, “Sinédoque, Nova York” é um filme um tanto irregular e que carece de certa linearidade. Seu único momento brilhante é a cena em que um padre faz um monólogo num funeral, em um dos ensaios da interminável peça de Caden. Aí, sim, Charlie Kaufman prova porque é um dos profissionais mais respeitados do cinema atual.
Cotação: 4,0
Sinédoque, Nova York (Synecdoche, New York, 2008)
Diretor: Charlie Kaufman
Roteiro: Charlie Kaufman
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Sadie Goldstein, Michelle Williams, Samantha Morton, Hope Davis, Jennifer Jason Leigh, Emily Watson, Dianne Wiest
Entry filed under: Cinema.
25 Comentários Add your own
Deixar mensagem para Weiner Cancelar resposta
Trackback this post | Subscribe to the comments via RSS Feed
1. cineamador | dezembro 8, 2009 às 12:14 am
hummm… Os pontos negativos me desafiam e me faz querer assisti-lo.
2. Kamila | dezembro 8, 2009 às 12:25 am
Cineamador, então o assista!
3. Mayara Bastos | dezembro 8, 2009 às 1:21 am
Veria pelo ótimo elenco, por que o jeito que Charlie Kaufman faz cinema deixa-me de enxaqueca de tão confuso, rsrsrsrsrs.
Beijos! 😉
4. Reinaldo Matheus Glioche | dezembro 8, 2009 às 1:59 am
Pois é, as grandes lições de Sinédoque Nova Iorque: Philip Seymour Hoffman é bom até lendo lista telefônica como dizia Paulo Francis e Charlie Kaufman não deve se aventurar a dirigir… Que entregue seus roteiros a um diretor mais coeso.
Bjs Ka!
5. Vinícius P. | dezembro 8, 2009 às 2:36 am
Acho que você foi um pouco dura com o filme, hehe. Tá certo que não chega a ser um grande trabalho do Kaufman, mas ainda assim achei interessantíssimo – e o elenco é ótimo.Abs!
6. Kamila | dezembro 8, 2009 às 3:00 am
Mayara, eu cheguei à conclusão de que os filmes dele não são pra mim! Beijos!
Reinaldo, o Philip é um baita ator. Simplesmente brilhante. Mas, não seria radical a ponto de dizer que Charlie Kaufman nunca deve dirigir mais na vida. Beijos!
Vinícius, :-). O filme é deveras interessante, mas peca, sim, pela irregularidade. Abraço!
7. Alexandre | dezembro 8, 2009 às 6:26 am
Kamila, estou pra ver esse filme faz tempo… quem viu e que me comentou sobre também teve os mesmos problemas que vc teve para acompanhar tantas idas e vindas do roteiro.
Vou me arriscar e depois comento, ou até resenho rsrs.
8. Luis Galvão | dezembro 8, 2009 às 11:30 am
Eu não seria tão cruel com o Kaufman, acho esse um filme-menor dele, sim. Mas acho que valeu por vê um elenco não de estrelas mas sim de atores comprometidos e que se aventuram nos mais diversos gêneros no cinema sem medo.
9. Marcus Vinícius | dezembro 8, 2009 às 3:16 pm
Achei fraco também, a idéia foi boa mas a execução foi muito confusa, muito ‘cabeça’ pra mim, haha.
Beijos, ótima semana!! x)
10. Kamila | dezembro 8, 2009 às 11:27 pm
Alexandre, você usa a palavra certa. Se arriscar! Assista e depois diga o que achou!:-)
Luís, os atores estavam, sim, comprometidos. Isso é verdade. Talvez, o elenco seja o ponto alto desse filme.
Marcus, exatamente! Beijos e ótima semana!
11. Otavio Almeida | dezembro 8, 2009 às 6:26 pm
YESSSSSSSSSSSSSS! Dá-lhe, Kamila! Finalmente alguém concorda comigo sobre este filme!!!!!!!!
12. Weiner | dezembro 8, 2009 às 7:46 pm
Coisas assinadas por Kaufman são no mínimo curiosas. Este, em especial, vale pelo elenco – a história mesmo, é exageradamente confusa.
Não evolui o bastante para viver no mesmo planeta que Kaufman.
Beijos!
13. bruno soares | dezembro 8, 2009 às 8:33 pm
Eu gosto MUITO do Charlie Kaufman, Kamila. Mas estou com vc e não abro.
14. Kamila | dezembro 8, 2009 às 11:33 pm
Otavio, que bom que não estás mais sozinho! 🙂 Beijos!
Weiner, exatamete. A história é totalmente confusa! Beijos!
Bruno S., finalmente, concordamos em alguma coisa, ultimamente!
15. Rogerio | dezembro 9, 2009 às 1:28 pm
Pois é Kamila, eu alem de nao conseguir seguir a linha de raciocinio de Kaufann, tambem achei tudo muito chato. Nao me prendia a atençao nada do que se passava ali, apesar de achar que a obra é bem original.
Mas nao estou pronto pra esse filme, quem sabe num futuro faça outra leitura.
16. Kamila | dezembro 9, 2009 às 11:27 pm
Rogerio, concordo plenamente com seu comentário. Me senti da mesma forma assistindo ao filme.
17. Wally | dezembro 10, 2009 às 8:20 am
Vou ver nesta semana. Depois te falo o que achei.
18. Vulgo Dudu | dezembro 10, 2009 às 6:43 pm
Nossa, eu acho esse filme genial! E acvho a falta de linearidade extremamente pertinente nele. A ideia de transformar o galpão na sua própria vida, o medo de se descolar da realidade, os pensamentos claustrofóbicos… Acho perfeito!
Bjs!
19. Rafael Carvalho | dezembro 10, 2009 às 8:42 pm
Achei essa estreia do Kaufman na direção uma grande decepção. Apesar da proposta inicial do filme ser bastante interessante, a execução parece se perder na tentativa de parecer cult e inteligente. Mas o melhor é o elenco, todos, sem exceção, estão maravilhosos. Samantha Morton e Emilly Watson são minhas preferidas.
20. Kamila | dezembro 10, 2009 às 11:44 pm
Wally, vou ficar aguardando! 🙂
Dudu, seu pensamento tem fundamento. Sua opinião me fez pensar aqui! 🙂 Beijos!
Rafael C., o elenco é realmente o melhor que este filme tem a oferecer.
21. O Cara da Locadora | dezembro 12, 2009 às 1:47 pm
Sério, nota 4? Eu achei o filme muito intrigante e me deu vontade de vê-lo várias vezes… Ainda não me decidi se o achei pedante ou se o achei genial…
22. Kamila | dezembro 12, 2009 às 4:55 pm
O Cara da Locadora, sério! Eu acho um filme sem pé nem cabeça, mas condizente com a mente do Charlie Kaufman.
23. Pedro Henrique | dezembro 13, 2009 às 12:04 pm
Achei um bom filme, uma experiência realmente produnda. Além das competentes performances do elenco.
24. Kamila | dezembro 13, 2009 às 8:31 pm
Pedro, a experiência pode ser profunda, mas o filme é raso demais. Só o elenco mesmo pra se sobressair.
25. SANDRA | dezembro 28, 2009 às 12:41 am
li atentamente os cometarios. principalmente os queles que não gostaram >,. das duas uma : ou vcs. não entenderam a complecidade a obra que é bastante fora do padrão pois foi tofinha constrida fora da lineriadade costumeira….ou ainda são jovens demais. pois o diretor tramou no macro–nas partes e no todo. Na vida real isto acontece aos montes nas nossas famllias no entorno e contorno do nosso cotidiano….mas a maioria nem sequer OBSERVA PROFUNDAMNETE AS QUESTÓES HUMANAS DE SUAS DECORRENCIAS PORTANTO ,daí não entender a complectude da obra, que so digna de elogios ao diretor roteito e expecioanal atuação do elenco.